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Ninguém gosta de mudanças



Ouça a linguagem que qualquer líder, consultor ou profissional de RH usa, e você vai ouvi-los expor longamente sobre como "nós" precisamos mudar os empregados. Isso já diz tudo: o fato é que ninguém gosta de ser mudado, mesmo que a mudança seja em última análise, benéfica.

Ron Ashkenas argumenta que a razão pela qual a maioria das iniciativas de gerenciamento de mudanças falha é devido à atrofia da capacidade gerencial para implementar a mudança. Ele aponta que em muitas organizações a responsabilidade de iniciativas de mudança é do RH e não dos supervisores e gerentes. No entanto, há um problema maior, mais fundamental com a nossa forma de enquadrar toda a noção de gestão da mudança. Na verdade, é necessário dispensar inteiramente o conceito de "gestão de mudanças". A história mostra que é uma receita garantida para fomentar o medo, resistência e, em última análise, o fracasso.

Muitos fatores contribuem para esse fracasso. Quando as pessoas se sentem como se não tivessem controle sobre seu ambiente de trabalho há realmente, uma diminuição da função cognitiva. Além disso, as iniciativas de mudança repetitivas, particularmente aquelas que incluem demissões, inevitavelmente levam ao cinismo e muitas vezes a uma espécie de desamparo.

Uma abordagem muito mais eficaz seria a de envolver efetivamente os empregados na solução de problemas de negócios. Para Dan Pink a autonomia e o desenvolvimento de habilidades que vêm com a solução de problemas para si mesmo fazem mais para superar a resistência e motivar a mudança do que qualquer estratégia de um profissional de RH ou consultor possa desenvolver. O Pensamento A3 é uma poderosa forma de resolver os problemas, mas a verdade é que, a ferramenta que você usa realmente não importa. A chave está em por um problema de negócios para que os empregados realmente possam solucionar e, em seguida, projetarem a mudança. Considere os seguintes casos:

1.   Um grupo de engenheiros seniores de P & D da Abbott Vascular passava seis a sete horas por dia acessando e-mails. Eles estavam desmoralizados e frustrados pela incapacidade de encontrarem tempo para fazer o trabalho de engenharia. Por conta própria, eles desenvolveram um novo protocolo de comunicação que define quando e como usar o e-mail (nunca para questões urgentes ou complexas), e agora eles podem libertar-se com segurança de seus smartphones e focarem em questões de engenharia.

2.   Os radiologistas intervencionistas de um grande centro de tratamento do câncer foram convidados pela liderança para reduzirem os custos e aumentarem as receitas, pelo aumento da rotatividade dos quartos. Eles decidiram padronizar os dispositivos (stents, fios-guia, cateteres, etc.) que usam para casos básicos. Reduziram a variação, reduziram os custos de inventário contábil e habilitaram os técnicos e enfermeiros para prepararem as salas mais rapidamente.

3.   Em seu livro, dormindo com o seu smartphone, Leslie Perlow relata como ela estabeleceu uma meta de um dia por semana para uma equipe de consultores da Boston Consulting Group para manterem os seus smartphones desligados. Os próprios consultores então estabeleceram radicalmente diferentes hábitos de trabalho e procedimentos de comunicação com os clientes para que isso acontecesse, uma iniciativa que já foi adotado por mais de 900 equipes de todo o mundo.

4.    A linha típica de montagem da Toyota nos EUA faz com que milhares de mudanças operacionais sejam implementadas em único ano. Como jornalista Charles Fishman escreveu: "Esse número não é apenas grande, é abrangente, é incompreensível." A Toyota não tem consultores de gerenciamento de mudanças para condução dessas mudanças, os próprios empregados as fazem.

Em cada um desses casos, é fácil imaginar como as soluções impostas externamente pelas lideranças ou pelo RH teriam sido ferozmente resistidas, levando a longas dissertações sobre como administrar ou superar as intransigências dos empregados.

O verdadeiro segredo para a mudança bem sucedida, portanto, não é mudar as pessoas em tudo. Deixe-as descobrirem como resolverem seus próprios problemas, e elas vão fazer o resto.


REFERÊNCIAS:       

Tradução e adaptação do texto original de:

MARKOVITZ, D. No one likes to be changed. HBR Blog Network – Havard Business Review.  Disponível em: < http://blogs.hbr.org/cs/2013/05/no_one_likes_to_be_changed.html > Acessado em 18 de Mai. 2013

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