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O segredo da motivação eficaz



Existem dois tipos de motivação para se engajar em qualquer atividade: a interna e instrumental. Se um cientista realiza pesquisas é porque ela quer descobrir fatos importantes sobre o mundo, isso é um motivo interno, uma vez que descobrir fatos está intrinsecamente relacionada com a atividade de pesquisa. Se ele realiza pesquisas porque quer alcançar renome acadêmico, isso é um motivo instrumental, uma vez que a relação entre a fama e a pesquisa não é tão inerente. Muitas vezes, as pessoas têm motivos internos e instrumentais para fazerem o que elas fazem.

A combinação de motivos internos ou instrumentais, ou ambos, é mais propício para o sucesso? Você pode supor que um cientista motivado por um desejo de descobrir fatos e por um desejo de alcançar renome vai fazer um melhor trabalho do que um cientista motivado por apenas um desses desejos. Certamente os dois motivos são melhores do que um. Mas, em um recém-publicado artigo na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências Americana, Amy Wrzesniewski e Barry Schwartz argumentam que os motivos instrumentais não são sempre uma posse ou habilidade e podem realmente serem contraproducentes para o sucesso.

Foram analisados ​​os dados extraídos de 11.320 cadetes em nove turmas de iniciantes na Academia Militar dos Estados Unidos, os quais classificaram o quanto cada um responderem um conjunto de motivos que influenciaram a sua decisão de frequentar a academia. Os motivos incluíam coisas como um desejo de conseguir um bom emprego depois que sair da academia (um motivo instrumental) e um desejo de ser treinado como um líder no Exército dos Estados Unidos (um motivo interno).

Como é que os cadetes estão, anos mais tarde? E como foram seus progressos relacionados as suas motivações originais ao frequentarem a Academia?

A pesquisa apresenta, sem surpresa, que as razões internas mais fortes dos cadetes ao frequentarem a Academia, foram terem se graduados e tornados oficiais comissionados. Também sem surpresa, os cadetes com motivos internos se saíram melhores nas forças armadas (como evidenciado pelas rápidas recomendações de promoções) do que aqueles sem motivos internos e também estavam mais susceptíveis a ficarem no serviço militar após os cinco anos de serviços obrigatórios, exceto quando (e esta é a parte surpreendente) também tinham fortes motivos instrumentais.

Notavelmente, os cadetes com fortes motivos internos e instrumentais para frequentarem a Academia tiveram piores desempenhos em todas os itens de avaliação do que aqueles com fortes motivos internos, mas os instrumentais fracos. Eram menos suscetíveis a graduação, menos notáveis como oficiais militares e menos comprometidos em permanecerem no serviço militar.

As implicações desta descoberta são significativas. Sempre que uma pessoa executa uma tarefa bem, normalmente há ambas as consequências internas e instrumentais. Um estudante consciente aprende (interno) e obtém boas notas (instrumental). Um médico qualificado cura pacientes (interno) e tem uma boa vida (instrumental). Mas só porque as atividades podem ter consequências internas e instrumentais não significa que as pessoas que prosperam nessas atividades têm ambos motivos internos e instrumentais.

O estudo sugere que devem ser feitos esforços para estruturar atividades para que as consequências instrumentais não se tornem motivos. Ajudar as pessoas a concentrar-se sobre o significado e impacto do seu trabalho, em vez de, digamos, dos retornos financeiros que trará, pode ser a melhor maneira de melhorar não só a qualidade do seu trabalho, mas também, contra intuitivo que possa parecer, o seu sucesso financeiro.

Há uma tentação entre os educadores e instrutores em usarem todas as ferramentas motivacionais que estão disponíveis para recrutar participantes ou melhorar o desempenho. Se o desejo de excelência militar e serviço para país não consegue atrair todos os recrutas que o Exército precisa, então talvez apelos para "dinheiro para a faculdade", "formação profissional" ou "conhecer o mundo" vão funcionar. Embora esta estratégia possa atrair mais recrutas, também pode originar soldados piores. Da mesma forma, para os alunos desinteressados ​​em aprender, incentivos financeiros para o bom atendimento ou maior parte da pizza para o alto desempenho pode levá-los a participar, mas pode resultar em alunos menos bem-educados.

O mesmo vale para os professores se motivarem. Nós apertamos nossas mãos quando "ensinamos de acordo com um padrão", porque temos medo de que saiamos da educação vigente. É possível que os professores fazem isso por causa de um excesso de confiança na responsabilidade, que transforma as consequências instrumentais de um bom ensino (coisas como abono salarial) em motivações instrumentais. Responsabilidade é importante, mas se estruturada de forma grosseira, pode criar o próprio comportamento (como um ensino ruim) que é projetado para prevenir.

Apresentar uma atividade mais atraente, enfatizando ambos os motivos internos e instrumentais para promover o engajamento, é completamente compreensível, mas pode ter um efeito indesejado de enfraquecer as motivações internas tão essenciais para o sucesso.

REFERÊNCIAS:

Tradução e adaptação do texto original de:



SCHWARTZ, B. The Secret of effective motivation. The New York Times – SundayReview. Disponível em < http://www.nytimes.com/2014/07/06/opinion/sunday/the-secret-of-effective-motivation.html? > Acessado em 07 de Jul. de 2014.

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